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O plano estratégico para o município de Coruche até 2020

20 de Fevereiro, 2008

O anúncio da elaboração de um plano estratégico para o município até 2020 é o exemplo evidente que nos modernos tempos de mudança com que nos confrontamos, a linha de actuação estratégica à escala local, tem de ser sempre de antecipação proactiva e não reactiva.

 

Os planos estratégicos, os parques de negócios e tecnológicos, as infra-estruturas da era da modernidade, o ensino, a inclusão digital, o empreendedorismo, a fixação de massa criativa, são alguns exemplos que não podem estar dependentes da construção ou não de um novo aeroporto.

O Plano Director Municipal de Coruche e as suas propostas de revisão já contemplam praticamente isso tudo, mas se não, acrescente-se o que lhe falta. O que é imperioso e urgente é dar seguimento às medidas nele previstas e mais proactividade, logicamente em concertação estratégica com os outros níveis de desenvolvimento, regional, nacional e não só.

Seria preferível, em vez de se ter suspendido os trabalhos de revisão do Plano Director Municipal, para esperar pela decisão da localização do novo aeroporto, ter continuado com os trabalhos de revisão, perspectivando os dois cenários: Ota ou Alcochete.
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Em determinados investimentos estratégicos, os custos de oportunidade, os prejuízos da passividade e lentidão, são muito superiores ao que se pensa “poupar” quando se realizam os mesmos investimentos anos mais tarde, mesmo que em condições mais favoráveis ou “mais baratos”.
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Não se pode estar constantemente a adiar, estar à espera da última moda ou da época de saldos.
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Porque quem anda a reboque vai sempre atrás!
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A realidade é que os anos vão passando e os problemas vão-se agudizando, designadamente:
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Um concelho como o nosso com problemas de depressão social, envelhecido e economicamente deprimido, precisa urgentemente de investimentos adequados, de pessoas cada vez mais qualificadas, de massa crítica que nos diferentes domínios de participação económica, social, cultural e política possam fazer a diferença, só assim será possível obter os contributos para as mudanças qualitativas que se desejam.
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Da rede de sete parques de negócios para o distrito de Santarém previstos no POR-LVT 2000/2006 (Rio Maior, Santarém, Torres Novas, Abrantes, Alcanena, Coruche e Fátima-Ourém), Coruche ficou de fora. Se não forem criadas infra-estruturas deste tipo com sistemas de incubação de empresas que encorajem e ofereçam uma série de facilidades para o arranque e crescimento de novos empreendimentos, será pouco provável, especialmente aos jovens empreendedores, superarem os desafios iniciais do arranque (compra de terreno, projectos, construção, etc., etc…)
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Continuamos a assistir a uma nova vaga de saídas de coruchenses (alguns com formação superior) para o estrangeiro. Casos há de pessoas que emigraram enquanto mais jovens e que pensavam já não ter necessidade de o voltar a fazer, mas agora vêem-se forçados a fazê-lo novamente.
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É também cada vez mais significativo o número de coruchenses que trabalham fora do concelho.
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Continuamos todos os anos a assistir à saída prematura de um número bastante significativo de jovens do nosso concelho, que devido ao leque restrito de opções que lhe são oferecidas para prosseguirem os seus estudos após concluírem o 9º ano, tem de sair em direcção a outros concelhos vizinhos. Há 20 anos atrás, o movimento era precisamente o inverso: jovens de outros concelhos é que tinham necessidade de vir estudar para Coruche. Fenómeno idêntico se passou ao nível da diversão, hoje o movimento é em direcção aos concelhos vizinhos.
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Coruche continua a não ter nenhum curso técnico-profissional na área das Tecnologias de Informação e Comunicação, contrariamente à grande maioria dos concelhos que confinam connosco.
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Quando olhamos em pormenor para um mapa de estradas de Portugal e verificamos a localização estratégica de Coruche, não compreendemos como os Itinerários Principais e Complementares parecem ter-se desviado de propósito do concelho.
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A ligação a Lisboa através da viabilização do regresso da circulação de comboios de passageiros na linha Vendas Novas-Setil tarda em acontecer.
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O concelho vem perdendo população, o centro histórico da vila de Coruche vem sendo atingido, há já alguns anos, por um acelerado processo de desertificação humana e por um aumento significativo de casas fechadas e em degradação acentuada. O comércio tradicional, como é evidente, por isso, mas não só, está a pagar o preço dessa agonia. O encerramento da Zona Agrária de Coruche e o abandono da Feira das Actividades Económicas reflecte também essa tendência.
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Coruche continua bastante carente de infra-estruturas de âmbito tecnológico/digital.
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